Último dia de despedidas a Mujica terá presença de Lula e sepultamento simples

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Velório aberto ao público será retomado na manhã desta quinta-feira (15) e não tem hora para terminar. Cinzas do ex-presidente do Uruguai serão enterradas na chácara onde ele vivia. Uruguaios se despedem de Pepe Mujica
Uruguaios terão a última oportunidade de se despedir do ex-presidente José “Pepe” Mujica nesta quinta-feira (15). O velório aberto ao público foi temporariamente encerrado à meia-noite e será retomado às 10h no Palácio Legislativo, em Montevidéu.
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O presidente Lula viajará ao Uruguai na manhã desta quinta-feira para participar do velório. Além dele, também é esperada a presença do presidente do Chile, Gabriel Boric.
Não há horário definido para o fim da cerimônia, mas a imprensa local afirma que as despedidas não devem se estender até sexta-feira (16).
O corpo de Mujica deve ser cremado, e as cinzas serão sepultadas durante uma cerimônia simples na chácara onde ele morava. Antes de morrer, o ex-presidente disse que queria ser enterrado ao lado de sua cadela, Manuela, que faleceu em 2018.
Na quarta-feira (14), milhares de pessoas acompanharam o velório de Mujica. No início da manhã, o corpo foi levado em uma carreta militar coberta com a bandeira do país. O cortejo seguiu pelas ruas da capital até o Parlamento, onde foi realizada uma homenagem.
Aos gritos de “Pepe querido, o povo está contigo”, uruguaios aplaudiram o cortejo. Muitos assistiram das sacadas. Outros formaram fila em frente ao Palácio Legislativo para se despedir do ex-presidente.
“É como perder um membro da família”, disse a enferemeira Estela Piriz, de 69 anos, à Associated Press.
Antes do início da visitação pública, autoridades uruguaias e ex-integrantes do governo participaram de uma cerimônia reservada. A mulher de Mujica, Lucía Topolansky, saiu do local emocionada e não falou com a imprensa.
Adversários políticos também prestaram homenagem ao ex-presidente, em sinal de respeito. “Tivemos muitas discordâncias, mas na vida é sempre melhor focar nas coisas boas”, afirmou o ex-presidente conservador Luis Alberto Lacalle de Herrera, que governou o país na década de 1990.
O atual presidente, Yamandú Orsi, um dos herdeiros políticos de Mujica, decretou luto nacional de três dias. Ele elogiou a “filosofia humanista” do ex-presidente e suspendeu os serviços públicos não essenciais. As bandeiras do país foram hasteadas a meio mastro.
Mujica completaria 90 anos no dia 20 de maio. Ele governou o Uruguai entre 2010 e 2015 e ficou conhecido por regulamentar o aborto, a maconha e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Também transformou o país em referência em energia limpa.
O ex-presidente lutava contra o câncer no esôfago desde 2024.
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Ícone da esquerda e vida simples
Ex-presidente uruguaio Pepe Mujica cumprimenta apoiadores durante evento em 19 de outubro de 2024.
Pablo Porciuncula/AFP
José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu, em 20 de maio de 1935. Nos anos 1960, tornou-se membro da guerrilha Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros.
O grupo se notabilizou, antes da instalação da ditadura militar uruguaia, em 1973, por assaltar bancos e distribuir comida e dinheiro roubado aos pobres.
Durante sua atuação na clandestinidade, Mujica foi ferido quatro vezes em confrontos com forças policiais. Escapou duas vezes da prisão até ser recapturado definitivamente, em 1972.
Ao todo, ele passou 14 anos de sua vida atrás das grades e sofreu torturas. Em 1985, Mujica foi finalmente libertado após a promulgação de um decreto de anistia.
Ele entrou para a política institucional, ajudou a fundar o partido de esquerda Movimento de Participação Popular (MPP) e foi eleito deputado em 1994.
Cinco anos depois, chegou ao Senado e, em 2005, com a chegada a Presidência de seu correligionário Tabaré Vázquez (1940-2020), foi nomeado ministro da Agricultura.
Presidência de Mujica e legado
Quem foi Pepe Mujica
Mujica, ao assumir a Presidência em 2010, elevou o gasto social de 60,9% para 75,5% dos gastos públicos.
Em conformidade com sua visão política, o salário mínimo teve um aumento de 250%. Em 2012, ele propôs a legalização do consumo e da venda da maconha, que acabou se concretizando no país.
Após deixar a Presidência, voltou ao Senado, cargo que ocupou até 2020, quando renunciou por motivos de saúde, em meio à pandemia de Covid-19.
Mujica passou os últimos anos de sua vida cuidando de sua horta. Acredita-se que doava 90% do salário como ex-presidente para projetos de combate à pobreza.
Durante a maior parte da vida, declarou-se ateu. Em uma entrevista de 2012, sintetizou sua crença: “Não tenho religião, mas sou quase panteísta: admiro a natureza”.
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