Terremoto na Rússia: por que é difícil prever tamanho de ondas de tsunami
Crédito, Getty Images
-
- Author, Redação
- Role, BBC News Mundo
As autoridades da Rússia, Japão, Estados Unidos, Colômbia, México, Equador, Peru e Chile, emitiram ordens de evacuação para as áreas onde se previa a chegada das ondas.
As ondas registradas em locais como Havaí e Califórnia (EUA) não foram particularmente grandes, e alguns países já suspenderam o alerta ou o reduziram para um nível de advertência.
Ainda assim, o alerta precoce é fundamental para evitar a perda de vidas.
Desde o devastador terremoto e tsunami do Oceano Índico, em 2004 — que causou a morte de quase 250 mil pessoas em 17 países —, foram desenvolvidos sistemas internacionais de alerta precoce que têm ajudado a mitigar os impactos desses fenômenos naturais.
Graças a esses sistemas, equipados com boias marítimas com sensores e uma infraestrutura capaz de alertar os países afetados, é possível prever em quais costas as ondas atingirão e, dessa forma, orientar medidas de evacuação necessárias.
Mas o avanço de um tsunami e seus efeitos sobre a costa dependem, em grande parte, da profundidade do fundo do mar e da topografia do litoral, por isso, nem sempre é fácil prever a altura da onda ao chegar à terra firme.
Crédito, David Mareuil/Anadolu via Getty Images
Como se produzem os tsunamis
O termo “tsunami” vem de uma palavra japonesa que significa “onda de baía”, devido aos efeitos devastadores que costumam ter em áreas costeiras de baixa altitude.
Os tsunamis são ondas enormes que se formam quando há um deslocamento repentino do mar ou do oceano.
A origem desse deslocamento de água é, geralmente, um terremoto no fundo do mar ou próximo a ele.
Mas essa não é a única causa.
Um deslizamento de terra, uma erupção vulcânica, condições atmosféricas específicas ou até mesmo o impacto de um meteorito também podem gerar tsunamis.
Essas forças criam ondas que se propagam em todas as direções a partir do ponto de origem. As ondas de tsunami são extremamente longas, podendo chegar a centenas ou milhares de quilômetros e, em alguns casos, atravessam bacias oceânicas inteiras.
Diferente das ondas geradas pelo vento, que afetam apenas a superfície do mar, os tsunamis deslocam toda a coluna de água, desde a superfície até o fundo do oceano, o que lhes confere uma força imensa.
Crédito, Anadolu via Getty Images
Como os tsunamis se movem
Assim como as ondas que se formam em um lago quando se joga uma pedra, os tsunamis formam conjuntos de ondas que se propagam como círculos concêntricos a partir de seu ponto de origem.
Quando um tsunami acontece, a velocidade de suas ondas depende da profundidade do oceano.
Em águas muito profundas, os tsunamis podem se deslocar em altíssimas velocidades, chegando a atingir até 800 quilômetros por hora, segundo o site da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês), a agência científica dos Estados Unidos responsável por monitorar tsunamis.
Contudo, os barcos geralmente mal percebem a passagem de um tsunami, já que, em alto-mar, essas ondas costumam alcançar apenas 30 centímetros de altura, tornando-as quase imperceptíveis.
Os sistemas de detecção e monitoramento de tsunamis em águas profundas, conhecidos pela sigla em inglês DART (Deep-ocean Assessment and Reporting of Tsunamis), são compostos por uma boia e sensores submarinos.
Esses dispositivos permitem detectar pequenas variações no nível do mar e transmitir essas informações para os centros de alerta de tsunamis.
Quando a onda de tsunami se torna perigosa
Geralmente, os tsunamis só se tornam perigosos quando se aproximam da costa.
Aqueles 30 centímetros de altura, quase imperceptíveis em alto-mar, podem se transformar em ondas de até 30 metros, que avançam de forma incontrolável, arrastando tudo que encontram pela frente, como uma enchente repentina ou uma maré que sobe de forma rápida.
À medida que as ondas do tsunami alcançam águas rasas, sua velocidade diminui ao entrar em contato com o fundo do mar, caindo para cerca de 30 a 50 quilômetros por hora.
Crédito, CHOO YOUN-KONG/AFP via Getty Images
O comprimento da onda também diminui, compactando as ondas e fazendo com que aumentem em altura.
Isso acontece porque a água que se move mais rápido perto da superfície se acumula, formando uma parede de água.
Como explica a Universidade do Havaí em Manoa, embora o comprimento de onda diminua, ele ainda tem um período longo, então pode levar muito tempo para atingir sua altura máxima.
A primeira onda do tsunami pode ser precedida por uma depressão no mar, que se assemelha a uma maré que recua muito rapidamente, mas que logo depois avança em direção à costa com grande força.
Geralmente, um conjunto de ondas de tsunami é formado por entre seis e oito ondas. A primeira pode não ser a maior. O intervalo de tempo entre as cristas sucessivas das ondas pode variar entre 5 e 90 minutos, segundo a universidade americana.
Um tsunami grande pode inundar áreas costeiras baixas por mais de um quilômetro e meio terra adentro.
No geral, as áreas em risco quando um tsunami se forma longe da costa são aquelas que ficam abaixo dos 15 metros acima do nível do mar e a menos de um quilômetro da orla.
No caso de tsunamis com origem próxima à costa, todas as regiões costeiras situadas abaixo de 30 metros acima do nível do mar podem estar em perigo.
Altura exata de uma onda
Assim como acontece com os terremotos que geram a maioria dos tsunamis, os cientistas não podem prever quando ou onde ocorrerá o próximo tsunami.
No entanto, a experiência com esses fenômenos no passado oferece aos especialistas informações valiosas, o que lhes permite identificar quais terremotos têm potencial para gerar tsunamis e, assim, alertar a população para se proteger a tempo.
O tempo necessário para detectar um tsunami depende da distância entre seu ponto de origem e o sistema de detecção mais próximo, seja um sistema DART ou uma estação costeira que monitora o nível de água.
Isso pode variar entre cinco minutos e duas horas.
Dependendo da profundidade do fundo do mar e da topografia da costa, as ondas podem sofrer uma refração considerável, um processo que concentra sua energia em áreas específicas da costa e, assim, aumenta ainda mais sua altura, segundo o Centro Internacional de Informação sobre Tsunamis (ITIC, na sigla em inglês) da Unesco.
Se as ondas de tsunami chegam com a maré alta, ou se houver ondas de tempestade simultâneas na região, os efeitos serão acumulativos, intensificando ainda mais as inundações e destruição, explica o ITIC.