‘Supresa e indignação’; a reação da defesa de Bolsonaro após ação da PF
Crédito, Getty Images
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- Author, Giulia Granchi
- Role, Da BBC News Brasil em Londres
A Polícia Federal realizou na manhã desta sexta-feira (18) uma operação que tem como um dos alvos o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), conforme noticiaram G1 e Folha de S.Paulo.
As medidas cautelares teriam sido autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), segundo fontes ouvidas pela imprensa. Tanto o STF quanto a Procuradoria-Geral da República não comentaram o caso oficialmente, alegando que o processo tramita sob sigilo.
Os mandados teriam sido cumpridos na casa de Bolsonaro, em Brasília, e em endereços ligados ao Partido Liberal (PL), partido ao qual o ex-presidente é filiado.
Entre as medidas determinadas, estariam o monitoramento por tornozeleira eletrônica e a proibição de acessar redes sociais. Bolsonaro também teria que cumprir recolhimento domiciliar noturno, ficando em casa entre 19h e 7h. Além disso, ele não poderia manter contato com diplomatas, frequentar embaixadas ou se comunicar com outros investigados e réus no STF.
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro disse ter recebido com “surpresa e indignação” as medidas cautelares.
Em nota oficial, os advogados afirmaram:
“A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário. A defesa irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial.”
Na rede social X, o senador Flávio Bolsonaro (PL) se manifestou em apoio ao pai. Em uma mensagem publicada no X (antigo Twitter), o senador chamou a decisão de “proposital humilhação” e comparou o caso a uma “inquisição”:
“Fica firme, pai, não vão nos calar! A proposital humilhação deixará cicatrizes nas nossas almas, mas servirão de motivação para continuarmos lutando pelo nosso Brasil livre de déspotas (…) Proibir o pai de falar com o próprio filho é o maior símbolo do ódio que tomou conta de Alexandre de Moraes para tomar medidas totalmente desnecessárias e covardes.”
O senador ainda citou o Dia de Mandela, celebrado em 18 de julho, como um símbolo de resistência, e disse acreditar que o pai sairá “ainda maior e mais forte” após o episódio.
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Eduardo Bolsonaro, deputado estadual (PL-SP) e também filho do ex-presidente, comentou o caso em uma publicação feita em inglês na mesma rede social. No post, ele lista as medidas que teriam sido impostas ao pai:
“Alexandre de Moraes dobrou a aposta e, após o vídeo de Bolsonaro para Donald Trump ontem, Moraes ordenou hoje que @jairbolsonaro:
1 – Use tornozeleira eletrônica;
2 – Não possa sair de casa entre 19h e 7h;
3 – Não possa usar redes sociais;
4 – Fique proibido de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros;
5 – Não possa se aproximar de embaixadas;
6 – Não possa falar com outras pessoas investigadas (eu e meu irmão Carlos estamos sob investigação).”*
As novas medidas contra Bolsonaro determinadas por Alexandre de Moraes, do STF, ocorrem após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros, usando como um dos argumentos o fato de o ex-presidente brasileiro estar sendo alvo de processo no Supremo.
Nesta quinta (17/07), Trump enviou uma carta a Bolsonaro críticas duras ao sistema de Justiça brasileiro.
“Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente!”, escreveu Trump.
“Não estou surpreso em vê-lo liderando nas pesquisas; você foi um líder altamente respeitado e forte que serviu bem ao seu país.”
Antes, no dia 9 de julho, Trump publicou uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciando que as exportações brasileiras sofrerão uma taxação adicional de 50% a partir do dia 1º de agosto.
Em tom duro, a carta diz que a decisão é uma resposta à perseguição que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria sofrendo no Brasil, devido ao processo criminal que enfrenta no Supremo, acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado.
Além disso, Trump também justificou o aumento de tarifa argumentando que o Brasil adota barreiras comerciais (tarifárias e não tarifárias) elevadas contra os EUA, o que estaria desequilibrando o comércio entre os dois países.
O governo brasileiro refuta essa argumentação, já que a balança comercial tem sido favorável aos Estados Unidos. O lado americano acumulou saldo positivo de US$ 43 bilhões nos últimos dez anos, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.