PF prende ex-ministro Gilson Machado por tentar passaporte português para Mauro Cid; o que se sabe
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O ex-ministro do Turismo Gilson Machado foi preso nesta sexta-feira (13/06) sob suspeita de ter tentado ajudar o ex-auxiliar de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, a obter um passaporte português. Cid está sendo alvo de buscas em Brasília.
A informação foi noticiada por órgãos de imprensa como G1, Folha de S. Paulo e Estadão e confirmada à BBC News Brasil pela Procuradoria Geral da República.
Mauro Cid estaria sendo alvo de buscas da Polícia Federal em Brasília. O jornal Folha de S. Paulo noticiou que os policiais chegaram à casa do militar munidos de um mandado de prisão, mas foram informados lá que a detenção estava revogada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Segundo a Polícia Federal, Gilson Machado teria atuado junto ao Consulado de Portugal em Recife em maio de 2025 para tentar um passaporte português para Cid, o que permitiria ao auxiliar de Bolsonaro deixar o país.
No início desta semana, Machado negou ter ido a qualquer consulado e disse que no mês passado telefonou para o consulado português para agendar a renovação do passaporte de seu pai.
Machado ficou conhecido como “sanfoneiro” de Bolsonaro, por participar das transmissões ao vivo do ex-presidente sempre tocando sanfona.
Mauro Cid
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Mauro Cid é uma peça central no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros generais e ex-ministros por suposta tentativa de golpe de Estado.
Em setembro de 2023, Mauro Cid firmou um acordo de delação premiada.
O militar estava preso desde maio daquele ano, após uma operação que investigava falsificação de cartões de vacinação de Bolsonaro, parentes e assessores. Quando sua delação foi homologada, ele foi solto.
Cid também é investigado por suposto envolvimento no desvio de joias sauditas que Bolsonaro ganhou quando era presidente.
Em março de 2024, o acordo esteve prestes a ruir. O militar foi preso novamente, desta vez por obstrução de Justiça e descumprimento de medidas cautelares.
O pano de fundo para essa nova prisão de Cid foi o vazamento de áudios, pela revista Veja, em que ele dizia estar sendo pressionado pela PF para delatar integrantes da trama golpista.
Naquele momento, ele foi interrogado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, mas ganhou o direito de seguir em liberdade, após se retratar.
Em novembro, mais uma vez a colaboração esteve em risco. Isso ocorreu quando Cid foi convocado novamente a depor, depois que a PF entregou seu relatório apontando detalhes relevantes que o militar não havia mencionado durante a sua colaboração.
Em especial, o plano “Punhal Verde” que envolvia os kids pretos.
Moraes então convocou novamente Mauro Cid a depor, dizendo que aquela era a “última chance” para que ele falasse a verdade e ameaçando prendê-lo novamente, caso ele omitisse os fatos.