janeiro 22, 2025

Otan enviará navios, aviões e drones para o Báltico após suspeita de sabotagem de cabos submarinos

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A Otan enviará navios, aviões e drones para o Mar Báltico em resposta a uma sequência de cabos submarinos danificados por suspeita de sabotagem russa, anunciou o secretário-geral da Aliança Atlântica, Mark Rutte, nesta terça-feira.

— Não vou entrar em detalhes sobre o número exato de navios, porque isso pode variar de semana para semana, e não queremos que o inimigo saiba mais do que já sabe — disse Rutte em uma entrevista coletiva. — O importante é usar os meios militares certos, nos lugares certos e na hora certa, para impedir futuros atos de desestabilização.

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Vários cabos submarinos de telecomunicações e energia foram danificados no Mar Báltico nos últimos meses. Esses atos fazem parte do que especialistas e políticos americanos e europeus descrevem como uma “guerra híbrida” — conflito que combina táticas convencionais com outras estratégias de combate e influência — entre a Rússia e os países ocidentais.

Os líderes dos países da Otan que fazem fronteira com o Báltico se reuniram na Finlândia nesta terça-feira para discutir como aumentar a segurança na área. Além de Rutte, a reunião em Helsinque, co-presidida pela Finlândia e pela Estônia, contou com a presença dos líderes da Dinamarca, Alemanha, Letônia, Lituânia, Polônia, Suécia e da vice-presidente executiva da Comissão Europeia, Henna Virkkunen.

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O presidente finlandês, Alexander Stubb, enfatizou a necessidade de diversificar as fontes de energia e os meios de comunicação.

— Não podemos evitar todos os atos de sabotagem — afirmou. — Mais de 95% do tráfego da Internet é transportado por cabos submarinos e 1,3 milhão de quilômetros de cabos garantem transações financeiras no valor estimado de US$ 10 trilhões todos os dias.

O cabo de energia submarino Estlink 2 entre a Finlândia e a Estônia, bem como quatro outros cabos de telecomunicações, foram danificados em 25 de dezembro, algumas semanas depois que dois cabos de telecomunicações em águas suecas foram danificados.

A polícia finlandesa suspeita que o navio petroleiro Eagle S, que navega sob a bandeira das Ilhas Cook, seja suspeito de “sabotagem” desses cabos. O navio foi levado para Porvoo, a leste de Helsinque, e sua tripulação foi proibida de deixar o país. Acredita-se que o navio faça parte de uma “frota fantasma” que ajuda a Rússia a evitar as sanções contra seu setor petrolífero, introduzidas em retaliação à invasão da Ucrânia.

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Danos a cabos submarinos não são incomuns, acontecem em torno de 150 a 200 por ano, de acordo com dados do Comitê Internacional de Proteção aos Cabos (ICPC). Dados históricos também mostram que as principais causas são acidentais, com aproximadamente 70% a 80% dos incidentes atribuídos a atividades de pesca comercial e âncoras de navios. As falhas restantes são normalmente causadas por outros fatores como abrasão, falha de equipamento ou riscos naturais (correntes no fundo do mar, tempestades, deslizamentos submarinos, fluxos de sedimentos).

A Otan anunciou em 27 de dezembro que vai fortalecer sua presença militar no Báltico após ocorreram diversos incidentes semelhantes na região envolvendo cabos submarinos desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

(Colaborou Thayz Guimarães)

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