Os sinais de que Leão 14 seguirá passos de Francisco na condução da Igreja Católica
Crédito, Getty Images
- Author, Aleem Maqbool
- Role, Editor de religião da BBC News
No período que antecedeu a eleição — durante as reuniões formais dos cardeais e os jantares e cafés informais para discutir o tipo de pessoa que estavam procurando —, ficou claro que duas palavras sempre apareciam: “continuidade” e “unidade”.
Muitos reconheceram que o papa Francisco havia começado algo extremamente impactante, ao alcançar aqueles que vivem à margem da sociedade, que estão nas periferias do mundo católico e também aqueles que estão sem fé.
Houve reconhecimento por seu esforço em se tornar uma voz para os que não têm voz e se concentrar nos pobres e naqueles cujos destinos não estavam em suas próprias mãos.
Mas também havia a sensação de que era preciso trabalhar para resolver as divisões (às vezes, bastante públicas) entre as diferentes escolas de pensamento dentro da hierarquia da Igreja, muitas vezes caracterizadas como tradicionalistas e progressistas.
Foi neste contexto que o nome de Robert Prevost começou a ser mencionado como um forte candidato. Como alguém que apoiava o papa Francisco nos bastidores, mas que as diferentes alas ainda podiam considerar como um dos seus.
No entanto, os cardeais que estavam votando haviam sido encarregados pela Igreja de considerar não apenas o que a instituição e os fiéis católicos precisavam, mas também o que a humanidade precisava em um momento difícil, com guerras e divisões como pano de fundo.
Mais uma vez, o cardeal Prevost — que tem dupla nacionalidade, americana e peruana, e que se sentia tão à vontade tanto com seus colegas norte-americanos quanto latino-americanos — foi visto como alguém que, como papa, poderia conectar mundos diferentes.
‘Construindo pontes’
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O papa Francisco foi criticado algumas vezes por não conseguir conquistar mais aliados nos Estados Unidos nas grandes questões sobre migração, mudanças climáticas e desigualdade, devido à falta de compreensão das formas mais eficazes de comunicar seus argumentos a eles.
Para aqueles que tinham em mente que o principal requisito que se buscava para um novo papa era a capacidade de trazer “continuidade” e “unidade”, durante seu discurso na sacada da Basílica de São Pedro, Leão 14 deu fortes pistas do motivo pelo qual os cardeais o escolheram.
Em seu discurso sobre “construir pontes” e sobre as pessoas serem globalmente “um só povo”, ele evocou ecos do papa Francisco e também falou sobre a unidade em sua plenitude.
Nestes primeiros dias, seu passado será fortemente escrutinado. Suas opiniões políticas serão analisadas, seu histórico em lidar com abusos será dissecado e seus comentários sobre questões sociais ao longo dos anos serão mapeados.
Grande parte disso já é de domínio público, portanto, podemos supor que os cardeais que votaram avaliaram que não havia nada com repercussão forte o bastante para prejudicar sua capacidade de liderar a Igreja Católica e ser a voz moral global que eles estavam procurando.
Enormes desafios estão por vir. Mas com sua eleição após apenas quatro votações durante o conclave, ele começa com um forte mandato dos homens de quem mais vai precisar durante seu papado.