Mohammed Sinwar: quem é o chefe do Hamas em Gaza que Israel alega ter matado
Crédito, Reuters
- Author, Yahya Kanakrieh
- Role, BBC Arabic
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta quarta-feira (28/05) que militares de seu país mataram o líder do Hamas em Gaza, Mohammed Sinwar — “um dos homens mais procurados por Israel” e irmão mais novo do falecido líder do grupo Yahya Sinwar.
O Hamas não confirmou nem negou a morte de Mohammed Sinwar.
Quem é Mohammed Sinwar?
Ele foi morto por forças israelenses em outubro passado.
A morte de Mohammed foi anunciada após mais de 19 meses de guerra em Gaza e em meio a negociações para a troca de reféns e prisioneiros entre Israel e o Hamas.
Mohammed Sinwar era considerado um dos líderes militares mais proeminentes das Brigadas Izzedine al-Qassam e tinha ampla influência no território palestino.
Ele ocupou anteriormente cargos de liderança em segurança e tinha um relacionamento próximo com Yahya, o que aumentava a probabilidade de seu nome ser apresentado como um potencial sucessor para o cargo de liderança geral do Hamas.
Ao longo dos anos, Israel tentou atacá-lo pelo menos cinco vezes, mas todas essas tentativas foram supostamente infrutíferas.
Seu nome também foi ligado ao sequestro do soldado israelense Gilad Shalit e a funções militares na atual guerra de Gaza.
Há poucas informações sobre Mohammed Sinwar vindas de fontes árabes e palestinas.
Isso se deve à sua posição militar e à sua tendência a operar discretamente, de acordo com um jornalista palestino que falou à BBC.
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Mohammed Sinwar nasceu em 1975 na cidade de Khan Younis.
Na época, seu irmão Yahya tinha treze anos.
A família deles havia sido deslocada de uma vila perto de Ashkelon em 1948 e se estabelecido no sul de Gaza.
Em 1991, Mohammed Sinwar ficou detido em Israel por nove meses, na prisão de Ketziot, “sob suspeita de atividade terrorista”.
De acordo com o jornal Jerusalem Post, a confiança e a posição de Mohammed cresceram à medida que os ataques do Hamas contra Israel se intensificaram, a partir de 2000.
Como “irmão de Yahya”, a reputação de Mohammed foi ainda mais fortalecida durante o período em que Yahya esteve preso em Israel.
Mohammed estabeleceu relações estreitas com comandantes que mais tarde se tornaram figuras-chave na organização e trabalhou lado a lado deles.
Essas figuras incluíam Mohammed Deif, Saad al-Arabid e outros que estiveram envolvidos no desenvolvimento das capacidades militares do Hamas, segundo o jornal.
Autoridades israelenses afirmam que Mohammed Sinwar estava entre os responsáveis pelo sequestro do soldado israelense Gilad Shalit em 2006.
Em um acordo, Shalit foi libertado em troca de 1.027 prisioneiros palestinos — incluindo Yahya Sinwar.
Por décadas, Mohammed Sinwar viveu escondido para evitar ser capturado ou assassinado pelas forças de segurança israelenses.
‘O Homem das Sombras’
Mohammed trabalhou disfarçado por um longo tempo, o que lhe rendeu o apelido de “O Homem das Sombras”.
À medida que adquiria experiência operacional, desempenhou um papel fundamental na estratégia militar do Hamas.
Muitos não conheciam Mohammed Sinwar até que um vídeo divulgado pelo exército israelense em 2023 o mostrou passando de carro por um túnel subterrâneo do Hamas na Faixa de Gaza.
‘Mais cruel que Yahya’
Fontes militares israelenses citadas pelo Jerusalem Post descreveram Mohammed Sinwar como “mais cruel” do que Yahya.
A mídia árabe e israelense também noticiou que, em negociações recentes por uma trégua em Gaza, Mohammed Sinwar demonstrou posições mais radicais do que seu falecido irmão.
Reconstruindo o Hamas
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Segundo o Wall Street Journal, Mohammed vinha “reconstruindo o movimento recrutando novos combatentes na Faixa de Gaza”.
O jornal afirmou que “o Hamas sofreu um duro golpe” após o assassinato de Yahya Sinwar, mas a guerra em curso também criou uma nova geração de combatentes e encheu Gaza com munições não detonadas — que o grupo recicla para obter bombas para uso em suas batalhas.
O jornal citou uma fala do major-general israelense aposentado Amir Afifi, que disse: “A campanha de recrutamento e os combates em curso sob a liderança de Mohammed Sinwar são um novo desafio para Israel”.
De acordo com sua análise, “o ritmo da reconstrução das capacidades do Hamas é mais rápido do que o ritmo de sua eliminação pelo exército israelense”.
Afifi afirmou que Mohammed Sinwar comandava “tudo” e seria “o eixo central dos esforços de revitalização do Hamas”.
“[Oficiais do grupo no exterior decidiram] formar um conselho de liderança coletiva em vez de nomear um novo presidente, mas os combatentes do Hamas em Gaza não obedeceram e agora estão operando de forma independente sob a liderança do jovem Sinwar”, afirmou o major-general.