Melhores séries de TV de 2025 até agora — além de ‘Adolescência’
Crédito, Yun Sun Park/ BBC
- Author, Caryn James e Hugh Montgomery
- Role, BBC Culture
Da última temporada do drama distópico no ambiente de trabalho até a minissérie britânica que deu o que falar no mundo todo, além de um novo drama de sucesso centrado em médicos, selecionamos as melhores séries do ano para ver agora.
O Estúdio
Crédito, Apple TV+
Hollywood é um alvo fácil para sátiras, mas esta produção é tão afiada, astuta e por vezes absurda que talvez seja a comédia mais engraçada do ano.
Cocriador da série, Seth Rogen interpreta Matt Remick, o recém-nomeado diretor dos Continental Studios, um amante do cinema autoral encarregado de produzir grandes sucessos comerciais a partir de marcas conhecidas, como Kool-Aid.
Um desfile de atores e diretores — entre eles Ron Howard, Olivia Wilde e Zoe Kravitz — faz participações especiais, zombando alegremente da própria imagem. Nenhuma aparição é mais engraçada que a de Martin Scorsese no episódio inicial.
O elenco fixo também é afiado: Ike Barinholtz vive Sal Saperstein, o braço-direito de Matt; Catherine O’Hara é a ex-diretora do estúdio; e Kathryn Hahn interpreta a escandalosa e extravagante chefe de publicidade.
A série nos leva dos bastidores do Globo de Ouro até reuniões de marketing, sugerindo que todos apenas seguem o fluxo em uma indústria em crise. O futuro do cinema pode ser incerto, mas esta comédia sobre os bastidores do showbiz é um prazer à parte. (CJ)
The White Lotus
Crédito, Fabio Lovino/ HBO
Se a sátira de Mike White sobre turistas ricos e os problemas do primeiro mundo já era cultuada nas duas primeiras temporadas, a terceira consolidou seu status de fenômeno cultural, após uma explosão de audiência.
Desta vez, os grupos disfuncionais — um financista corrupto e sua família, três amigas em conflito, um homem vingativo e sua jovem namorada — são levados a um retiro de bem-estar na Tailândia, provocando debates acalorados na internet a cada novo episódio.
Alguns criticaram o ritmo lento e a falta de uma trama envolvente, enquanto outros lembraram — com razão — que a série nunca foi pensada para oferecer reviravoltas ao estilo Game of Thrones, mas sim um retrato centrado em personagens.
Pessoalmente? Achei a temporada mais sombria e reflexiva até agora, e mais uma vez sustentada por um elenco brilhante. Parker Posey, Carrie Coon, Aimee Lou Wood e Patrick Schwarzenegger se destacaram, mas ninguém destoou. (HM)
Adolescência
Crédito, Ben Blackall/ Netflix
Não é surpresa que esta série britânica intensa sobre um garoto de 13 anos acusado de assassinar uma colega tenha se tornado um marco cultural. Elogiada até pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, a produção foi recomendada para exibição em escolas e alimentou debates sobre juventude e redes sociais.
A discussão social é ancorada em um drama altamente personalizado, com atuações potentes.
Stephen Graham, que criou a série com Jack Thorne, interpreta o pai do garoto e transmite a dor de um homem confrontado com a possibilidade de que seu filho seja um assassino.
Owen Cooper brilha no papel do jovem acusado, que parece inocente até que explode em um acesso de raiva.
Ashley Walters, como o detetive que também tenta compreender o próprio filho adolescente, amplia o escopo para além da família central.
Cada episódio é filmado em tempo real, em plano-sequência — uma escolha que poderia parecer artifício, mas que o diretor Philip Barantini conduz com fluidez, elevando a intensidade de um drama devastador que não oferece respostas fáceis. (CJ)
Ruptura
Crédito, Apple TV+
Com justiça ou não, a Apple TV+ ganhou fama de despejar fortunas (estima-se mais de US$ 20 bilhões) em séries estreladas que pouca gente assiste.
Mas a segunda temporada deste drama distópico no ambiente corporativo provou ser um verdadeiro sucesso.
Surpreende, sobretudo, por sua estranheza: a premissa instigante — funcionários da enigmática Lumon têm suas consciências divididas entre o “eu do trabalho” (innie) e o “eu de casa” (outie) — se desdobra em tramas cada vez mais surreais, com “refinamento de macrodados” e até um rebanho de cabras.
Na segunda metade da temporada, a história se tornou excessivamente dispersa, e o clímax não superou o da estreia. Ainda assim, é uma obra requintada em todos os aspectos — das atuações em dupla identidade (com destaque para a brilhante Britt Lower) à estética visual precisa.
Resta aguardar a terceira temporada — e, com sorte, respostas mais claras sobre o que realmente acontece na Lumon. (HM)
The Pitt
Crédito, Warrick Page/ Max
Pode parecer mais um drama médico, mas esta série sobre um centro de traumas em Pittsburgh renova o gênero ao focar no estresse psicológico dos profissionais de saúde.
Noah Wyle entrega uma atuação poderosa como o chefe do departamento, Dr. Robbie — dedicado, exausto e emocionalmente em ruínas após não conseguir salvar seu mentor durante a pandemia de covid-19.
O elenco ao redor é igualmente complexo: Supriya Ganesh interpreta uma prodígio da medicina, Isa Briones é uma residente agressiva e Taylor Dearden vive a Dra. Mel, cuja neurodivergência a torna especialmente empática com os pacientes.
Diferente de outras séries médicas, The Pitt nunca deixa que o drama pessoal sobrepuje o foco no trabalho. Cada episódio — envolvente e acelerado — se passa em tempo real durante um plantão de 15 horas, entre perdas devastadoras e vitórias salvadoras.
Poderia ser deprimente, mas é eletrizante ao mostrar o cotidiano de pessoas para quem vida e morte são parte da rotina. (CJ)
Paradise
Crédito, Disney/ Brian Roedel
É difícil falar sobre o impacto dessa série sem revelar a reviravolta essencial do final do primeiro episódio.
Mas o fato é que ela transforma por completo o que começa como um suspense político relativamente convencional.
Sterling K. Brown interpreta o chefe da equipe de segurança do presidente dos EUA, que se vê acusado de matar seu próprio chefe. Mas, para além do crime, algo parece fora de lugar no mundo.
Criada por Dan Fogelman, o mesmo de This Is Us — outra série televisiva de forte carga melodramática —, Paradise oferece entretenimento sólido no melhor sentido da palavra, com uma trama engenhosa e atuações memoráveis, desde o herói atormentado de Brown até Julianne Nicholson no papel de uma bilionária da tecnologia com ares sombrios.
Mais adiante, um episódio em especial aborda questões de proporções verdadeiramente monumentais — e é simplesmente arrebatador. Mas, novamente, é o máximo que se pode dizer sem estragar a experiência de quem ainda não assistiu. A boa notícia para quem já viu é que uma nova temporada está prevista para 2026. (HM)
Wolf Hall: O Espelho e a Luz
Crédito, BBC/ Playground Entertainment
A conclusão suntuosa da trilogia Wolf Hall, de Hilary Mantel, combina uma imersão visualmente deslumbrante no passado luxuoso da corte de Henrique 8º com uma reflexão atemporal sobre o preço pessoal cobrado pela busca por poder e influência.
Mark Rylance está magistral como Thomas Cromwell, o conselheiro do rei, que passa a questionar suas próprias decisões à medida que o imprevisível Henrique começa a desconfiar dele.
Na pele de Henrique, Damian Lewis entrega uma interpretação fascinante, com voz e gestos assustadoramente contidos, mesmo quando ordena as ações mais cruéis.
As esposas do rei vêm e vão, mas é o colapso da relação entre esses dois homens — a dúvida e o declínio de Cromwell, e a vontade férrea de Henrique, disposto a eliminar quem estiver em seu caminho — que molda a história.
Escrito por Peter Straughan, vencedor recente do Oscar pelo roteiro de Conclave, O Espelho e a Luz ressoa ainda mais hoje do que quando o livro foi publicado, em 2020. É uma obra que dialoga diretamente com o mundo contemporâneo, em que o avanço do autoritarismo se tornou uma preocupação global. (CJ)
The Narrow Road to the Deep North
Crédito, Ingvar Kenne/ Curio/ Sony Pictures Television
Desde que ganhou destaque no drama adolescente Euphoria, da HBO, Jacob Elordi tem feito escolhas certeiras, mas talvez nenhuma tão potente quanto retornar à sua terra natal, a Austrália, para protagonizar este drama de guerra devastador.
Baseada no romance vencedor do Booker Prize de Richard Flanagan, a série acompanha a vida de Dorrigo Evans, cirurgião do exército na Segunda Guerra Mundial, em três fases: o período de treinamento militar em Adelaide, suas experiências infernais como prisioneiro de guerra na selva tailandesa e, depois, sua existência como um veterano bem-sucedido, mas profundamente atormentado (vivido na maturidade por Ciarán Hinds), ainda incapaz de processar os horrores do passado.
Com direção visualmente impactante de Justin Kurzel — conhecido por retratos viscerais da violência masculina como Snowtown e The Order —, a série é uma das representações mais poderosas dos horrores da guerra já levadas à tela.
Ao mesmo tempo, trata com igual sensibilidade o desejo e a violência. A química entre o jovem Dorrigo (Elordi) e Amy (Odessa Young, magnífica), esposa de seu tio, é incendiária.
Com algumas cenas de brutalidade extrema, trata-se de uma série difícil de assistir — como deve ser —, mas cujo poder artístico oferece uma forma de transcendência. (HM)
Seus Amigos e Vizinhos
Crédito, Apple TV+
Jon Hamm nunca esteve melhor, equilibrando com maestria o drama e a comédia nesta série sobre Coop, um gestor de fundos que perde o emprego.
Tentando manter as aparências em sua comunidade de alta renda, ele acaba descobrindo uma nova identidade.
A série tem um forte elemento cômico: Coop passa a cometer furtos secretos, roubando artigos de luxo dos próprios vizinhos para aliviar sua crise financeira.
Mas o que realmente destaca a série é seu retrato afiado daquilo que Coop define, em uma de suas impagáveis narrações em off, como “o desespero silencioso dos homens ricos de meia-idade”, além do mergulho nas complexas relações do personagem.
Ele ainda nutre sentimentos pela ex-esposa (Amanda Peet), que o trocou por uma amiga, e tem dificuldade para se conectar com os dois filhos adolescentes.
Por outro lado, mantém uma relação comovente com a irmã emocionalmente frágil (Lena Hall, em uma atuação de destaque).
Hamm não tinha um papel tão rico desde Don Draper, em Mad Men — outro sedutor carismático e falho que toma decisões terríveis. É difícil imaginar outro ator à altura no centro desta série elegante e, ao mesmo tempo, profundamente crítica. (CJ)
Big Boys
Crédito, Channel 4
Pode não ter causado tanto burburinho quanto Adolescência, mas aqui está outra série britânica sobre masculinidade que realmente merece ser vista.
A série semiautobiográfica de Jack Rooke, sobre dois universitários que desenvolvem uma amizade inesperada — Jack, um nerd gay, e Dan, um hétero — tem sido, desde sua estreia em 2022, uma mistura incrivelmente habilidosa de humor de fazer chorar de rir, recheado de deliciosas referências à cultura pop, com um drama sensível que aborda desde o despertar sexual e depressão até demência e outros temas.
Mas foi nesta terceira e última temporada que Big Boys teve, sem dúvida, seu maior impacto, encerrando sua história com momentos devastadores — e ainda assim absurdamente engraçados. A série equilibra tons com uma maestria surpreendente, além de nunca perder de vista a ternura e a autenticidade emocional de seus personagens centrais.
Com atuações delicadas e cheias de nuances de Dylan Llewellyn (como Jack) e Jon Pointing (como Dan), a série reafirma o poder da televisão de baixo orçamento quando impulsionada por boas ideias e um coração gigante. Que legado bonito e necessário deixa Jack Rooke ao retratar as dores e os afetos dos homens de forma tão vulnerável e honesta. (HM)