Lula acusa Israel de ‘vitimismo’ e volta a chamar guerra em Gaza de ‘genocídio’
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Em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto nesta terça-feira (3/6), Lula disse que não se trata de uma “guerra normal”, mas de “um exército matando mulheres e crianças”.
“E vem dizer que é antissemitismo? Precisa parar com esse vitimismo. O que está acontecendo na Faixa de Gaza é um ge-no-cí-dio”, disse, enfatizando as sílabas da palavra.
“É a decisão de um governo que nem o povo judeu quer. Nem o povo judeu quer. Então, não dá, como ser humano, aceitar isso como se fosse uma guerra normal. Não é”, disse ainda.
Lula citou em sua fala as críticas à atuação do país feitas pelo ex-primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert (2006-2009).
Em artigo de opinião publicado em um jornal israelense no final de abril, ele disse que o governo atual está cometendo crimes de guerra na Faixa de Gaza, com uma “matança indiscriminada” de civis.
A guerra na Faixa de Gaza será um dos tópicos da conversa.
A fala de Lula sobre “vitimismo” ocorre em um momento de debate global sobre se as críticas à atuação de Israel em Gaza podem ou não ser enquadradas como antissemitismo. Nos Estados Unidos, o governo de Donald Trump tem atuado contra críticos de Israel sob essa justificativa.
Qual é a diferença entre antissemitismo e antissionismo?
- Antissemitismo significa preconceito contra o povo judeu e existe há séculos.
- Antissionismo pode ser definido de forma geral como oposição à existência do Estado de Israel.
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O que é antissemitismo?
O povo judeu enfrenta preconceito, hostilidade e perseguição há séculos.
O antissemitismo moderno pode assumir muitas formas, incluindo, mas não se limitando a, teorias da conspiração sobre o controle judaico do sistema financeiro global e da mídia, ataques a sinagogas, abuso verbal ou discurso de ódio e memes abusivos nas redes sociais.
Às vezes, pessoas com pontos de vista diferentes sobre Israel discordam sobre se certos comentários ou opiniões são antissemitas ou não.
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O que é sionismo?
O sionismo começou como um movimento político na Europa no final do século 19. Ele buscava desenvolver a nacionalidade judaica na terra conhecida como Palestina — também conhecida pelos judeus como a antiga Terra de Israel.
A ONU recomendou a divisão da Palestina em Estados judeu e árabe, e em 1948 o Estado de Israel foi declarado.
Entretanto, muitos árabes que viviam na Palestina e nas áreas vizinhas se opuseram à criação de Israel, vendo isso como uma negação dos direitos árabes.
Hoje em dia aqueles que se identificam como parte do movimento sionista acreditam na proteção e no desenvolvimento de Israel como nação judaica.
Existem variações do sionismo — por exemplo, alguns sionistas acreditam que Israel tem direito a algumas áreas de terra além de seu território.
Outros sionistas discordam.
Muitos judeus apoiam ou simpatizam com os princípios fundamentais do sionismo, ou seja, que um Estado judeu deve existir no que hoje é Israel.
Uma minoria se opõe ao sionismo, por razões religiosas ou políticas.
Pessoas não judias também podem ser sionistas.
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O que é antissionismo?
O antisionismo pode ser definido de forma geral como oposição à existência do Estado de Israel.
Há críticos sionistas das políticas do governo israelense, como a ocupação da Cisjordânia, a rota da barreira de separação (que Israel está construindo dentro e ao redor da Cisjordânia e que diz ser para segurança contra invasores palestinos, embora os apoiadores palestinos a vejam como um dispositivo para tomar terras) e a construção de assentamentos.
Quando as pessoas criticam Israel de forma agressiva pode ser difícil saber se a crítica é motivada ou não por antissemitismo.
Isso levou a acusações de que o antissionismo — ou seja, a rejeição do Estado judeu — seria meramente uma forma moderna de antissemitismo.
A Aliança Internacional para a Memória do Holocausto diz que algumas alegações e acusações contra Israel constituem antissemitismo.
Aqueles que rejeitam essa ideia dizem que esse argumento é usado como uma ferramenta pelos apoiadores de Israel para silenciar críticas razoáveis a Israel, retratando essas críticas como racistas.
Alguns dizem que o termo “sionista” pode ser usado como um ataque velado ao povo judeu.
Já outros dizem que o governo israelense e seus apoiadores estão confundindo antissionismo com antissemitismo de forma deliberada para evitar críticas às suas ações.
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