Juliana Marins em vulcão na Indonésia: por que o monte Rinjani é tão perigoso e quantas mortes ocorreram?
Crédito, Getty Images
A queda da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, durante uma trilha no monte Rinjani, na Indonésia, volta a expor os riscos de um destino que pode ser desafiador para montanhistas no Sudeste Asiático.
Juliana caiu em um desfiladeiro na sexta-feira (20/6), enquanto fazia o percurso rumo ao cume do vulcão, e desde então equipes de resgate tentam localizá-la em meio a terreno acidentado, falésias e condições climáticas instáveis.
Além do terreno desafiador, o clima imprevisível — com neblina, chuvas e ventos fortes — costuma surpreender até montanhistas experientes.
Nos últimos cinco anos, pelo menos cinco mortes foram registradas na região, incluindo a de escaladores portugueses, malaios e indonésios.
Em dezembro de 2021, um montanhista de 26 anos, natural de Surabaya, morreu após cair em um desfiladeiro de 100 metros de profundidade enquanto subia o monte Rinjani pela rota de Senaru, em North Lombok.
Em agosto de 2022, um alpinista português, de 37 anos, morreu ao despencar de um penhasco no cume do monte Rinjani. Ele caiu enquanto tirava uma selfie na beira do abismo. O acidente ocorreu no dia 19 de agosto e o corpo foi retirado do local no dia 22.
Em junho de 2024, uma turista suíça morreu após cair na trilha do Bukit Anak Dara, no distrito de Sembalun, East Lombok. A estrangeira havia se arriscado por uma rota ilegal.
Em setembro de 2024, um escalador de Jacarta desapareceu após supostamente cair em um desfiladeiro na área do monte Rinjani, em 28 de setembro. O corpo foi localizado por um drone com câmera térmica, a centenas de metros de profundidade, e resgatado uma semana depois.
Em outubro de 2024, um alpinista irlandês caiu em um desfiladeiro de 200 metros enquanto subia rumo ao cume do monte Rinjani, em 9 de outubro. Ele foi resgatado pela equipe de busca e salvamento (SAR) e sofreu apenas ferimentos leves.
Em maio de 2025, um montanhista da Malásia, Rennie Bin Abdul Ghani, de 57 anos, morreu ao cair durante a descida do monte Rinjani pela rota de Torean. Ele despencou em um desfiladeiro com cerca de 80 a 100 metros de profundidade, na trilha de Banyu Urip, quando o grupo retornava do cume.
Crédito, Arquivo pessoal
Terreno hostil e clima imprevisível aumentam risco
O monte Rinjani é conhecido pelas vistas deslumbrantes, mas também pelo terreno traiçoeiro.
Com mais de 3.700 metros de altitude, é o segundo maior vulcão da Indonésia e famoso pelas trilhas íngremes, com trechos estreitos junto a penhascos e áreas de solo arenoso que aumentam o risco de quedas.
Segundo a comunidade local de montanhistas, o Rinjani não é recomendado para iniciantes e é mais adequado a trilheiros experientes. As trilhas são estreitas e rochosas, com ravinas íngremes e trechos de areia solta que tornam a escalada particularmente escorregadia e perigosa.
“Os montanhistas costumam iniciar a subida por volta das 2h da manhã para tentar ver o nascer do sol do cume, geralmente usando lanternas simples que oferecem pouca visibilidade. Normalmente, são acompanhados por guias, mas a combinação de escuridão, terreno instável e clima imprevisível aumenta bastante o risco. Localizado em uma região remota e sem acesso a transporte motorizado, todo o trabalho de resgate depende de equipes que se deslocam a pé”, explica Astudestra Ajengrastri, indonésia e editora assistente do Asia Production Digital Hub da BBC.
Ajengrastri aponta que, em períodos de mau tempo, ventos fortes podem se transformar rapidamente em tempestades, e a chuva deixa as trilhas arenosas ainda mais perigosas.
“Uma neblina densa frequentemente cobre a montanha, ocultando penhascos e reduzindo drasticamente a visibilidade — o que impõe desafios adicionais tanto aos escaladores quanto às equipes de resgate. A montanha ficou fechada entre janeiro e março deste ano, durante a estação chuvosa da Indonésia, e só foi reaberta após ser considerada segura.”