Harvard: governo Trump suspende visto a novos estudantes estrangeiros de universidade
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A decisão abre um novo capítulo na disputa entre o governo Trump e a universidade mais antiga, prestigiosa e rica dos EUA.
O governo Trump alega que Harvard não fez o suficiente para combater o antissemitismo ou mudar suas práticas de contratação e admissão, uma acusação que a universidade nega veementemente.
Harvard entrou com uma ação judicial contra o governo Trump, solicitando a suspensão da medida após acusá-la de cometer uma “violação flagrante” da lei ao impedi-la de matricular estudantes estrangeiros.
O decreto desta semana suspende a entrada nos EUA de novos estudantes de Harvard com vistos F, M ou J e “instrui o Secretário de Estado a considerar a revogação dos vistos F, M ou J existentes para os atuais estudantes de Harvard que atendam aos critérios da proclamação”, afirmou a Casa Branca.
“A Universidade de Harvard está falhando em reportar integralmente os registros disciplinares de seus estudantes internacionais ou falhando em supervisioná-los seriamente”, afirmou a Casa Branca em um comunicado, acusando também a instituição de não combater o antissemitismo no campus e de seguir priorizando as políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI).
Há cerca de 6,8 mil estudantes internacionais em Harvard, representando mais de 27% do corpo estudantil.
As acusações de Trump
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O governo Trump acusa Harvard e outras universidades de elite de não fazerem o suficiente para reprimir ativistas pró-palestinos que se manifestam contra a ofensiva israelense em Gaza e de discriminar pontos de vista conservadores.
No entanto, a universidade afirma ter tomado medidas para combater o antissemitismo e diz que as exigências do governo são um esforço para regular as “condições intelectuais” da universidade.
Em resposta à recusa de Harvard em atender às suas exigências, o governo Trump ordenou o congelamento de US$ 2,2 bilhões (mais de R$ 12 bi) em bolsas e US$ 60 milhões (R$ 338 mi) em contratos destinados à instituição.
Também revogou a isenção fiscal de Harvard, um privilégio concedido às universidades que gerou economias de aproximadamente US$ 158 milhões em impostos prediais para Harvard em 2023, segundo estimativas da Bloomberg.
O decreto de duas páginas, emitido na quarta-feira, afirma que Harvard “demonstrou um histórico de laços estrangeiros problemáticos e radicalismo”.
A suspensão da emissão de novos vistos para estudantes internacionais em Harvard durará seis meses e poderá ser prorrogada, informou a publicação universitária The Harvard Crimson.
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Represália
A universidade rejeitou a ordem emitida na quarta-feira.
“Esta é mais uma retaliação ilegal do governo, que viola os direitos de Harvard à Primeira Emenda [que garante liberdades de expressão]”, afirmou um porta-voz da universidade. “Harvard continuará a proteger seus estudantes internacionais.”
“O presidente Trump quer que nossas instituições tenham estudantes internacionais, mas ele acredita que essas pessoas devem amar nosso país”, declarou a Casa Branca.
Alega-se que Harvard é a principal instituição acadêmica no exterior para funcionários do Partido Comunista Chinês, observando que a filha do presidente Xi Jinping estudou lá na década de 2010.
De acordo com a Casa Branca, Harvard tem um histórico de laços estrangeiros com potenciais implicações para a segurança, falha em fornecer informações suficientes sobre as atividades ilegais de seus alunos e contatos extensos com adversários estrangeiros, como a China.
Harvard não é apenas a universidade de maior prestígio dos EUA, mas também a mais rica do mundo.
A instituição possui um patrimônio de US$ 53 bilhões, mais do que o produto interno bruto de 120 países, incluindo Islândia, Bolívia, Honduras e Paraguai.
Doações milionárias, investimentos bem-sucedidos e uma gestão rigorosa fizeram de Harvard uma instituição com recursos abastados.
Sua solidez financeira é uma ferramenta poderosa para resistir a pressões políticas e econômicas que abalariam outras universidades.