Chances de atingir a Terra? 4 asteroides em que cientistas estão de olho
Crédito, Getty Images
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- Author, Yemisi Adegoke
- Role, BBC World Service
Mas eles são monitorados por várias organizações e observatórios em todo o mundo e por muitas razões.
Os asteroides são corpos rochosos que sobraram da formação do nosso sistema solar, há cerca de 4,6 bilhões de anos. São mais de um milhão de asteroides conhecidos, e a maioria deles está concentrada no cinturão principal, orbitando o sol entre Marte e Júpiter.
Alguns, no entanto, se aproximam da Terra e podem nos ajudar a entender a origem da vida, como explica Monica Grady, professora emérita de Ciências Planetárias e Espaciais na Open University no Reino Unido.
“Alguns desses asteroides contêm muitos componentes orgânicos que podem ser os blocos fundamentais da vida”, diz.
“Uma hipótese é que a vida só começou na Terra porque os ingredientes necessários para a vida foram trazidos por meio dos asteroides.”
Crédito, NASA/Ben Smegelsky
Apesar de a maioria dos asteroides ser inofensiva e passar despercebida, alguns merecem atenção.
“Há um aumento de interesse por objetos que se aproximam da Terra. Eles são monitorados de perto até que suas órbitas sejam conhecidas o suficiente para descartar um impacto e, às vezes, até prever um. Mais distante da Terra, buscamos objetos com uma composição incomum”, diz Agata Rozeck, pesquisadora da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Edimburgo, na Escócia.
Quando se trata de tamanho, os maiores asteroides são os que menos preocupam.
“Nós sabemos exatamente onde eles estão e para onde eles estão indo”, explica Rozeck. “Temos um bom entendimento das leis que regem seus movimentos e estudamos casos incomuns para compreendê-los melhor.”
“São os menores, ainda não detectados, que nos preocupam mais, até que suas órbitas sejam conhecidas.”
Aqui estão três dos principais asteroides atualmente monitorados, de acordo com os cientistas, e um asteroide extra que é tão importante que a Nasa lançou uma missão específica para estudá-lo.
1. Apophis
Crédito, NASA
Nomeado em homenagem ao deus egípcio do caos e da destruição, o asteroide Apophis foi descoberto em 2004.
“Sabemos hoje que ele passará pela Terra com segurança no dia 13 de abril de 2029”, disse Rozeck.
“O asteroide foi objeto de extensas campanhas de observação desde sua descoberta e fará uma aproximação muita próxima, perto da distância em que temos satélites geoestacionários, e achamos que a proximidade da Terra pode esticar o asteroide e mudar sua forma.”
De acordo com a Nasa, a gravidade da Terra também gerará uma força que mudará a órbita de Apophis em torno do sol e pode até causar pequenos deslizamentos de terra no asteroide.
Ele tem um diâmetro de 340 metros — o comprimento de cerca de três campos de futebol — e passará a aproximadamente 32.000 quilômetros da superfície da Terra. Perto o suficiente para ser visto a olho nu.
2. 2024 YR4
Crédito, ATLAS
Com um tamanho estimado pela Nasa entre 53 e 67 metros — mais ou menos a medida de um prédio de 15 andares — o asteroide 2024 YR4 foi descoberto em 2024 e virou notícia ao redor do mundo quando parecia ter uma pequena chance de atingir a Terra em 2032.
Pesquisadores chegam a estimar uma chance em 32 dele atingir nosso planeta, mas isso já foi descartado pela Nasa.
“Um dos desafios ao observar um asteroide que pode estar em rota de colisão com a Terra é decidir qual a probabilidade disso acontecer”, explica Grady.
“Precisamos continuar observando para refinar essa órbita, essa trajetória.”
Ainda existe uma chance de 3,8% do 2024 YR4 atingir a lua, mas a Nasa afirma que mesmo que essa colisão acontecesse, não alteraria a órbita do nosso satélite natural.
3. Didymos e Dimorphos
Crédito, NASA/Johns Hopkins APL/Steve Gribben
Didymos, que significa gêmeo em grego, é um asteroide, e Dimorphos é uma pequena lua que o orbita.
Nenhum dos dois representa uma ameaça para a Terra, mas eles passam relativamente próximos dela.
Em 2022, eles foram alvo de uma missão DART (inicias em inglês para Teste de Redirecionamento Duplo de Asteroides), da Nasa, que enviou uma sonda para atingir Dimorphos, destruindo-se no impacto.
O objetivo era testar se seria possível desviar com segurança as rochas espaciais que poderiam colocar a Terra em risco.
Dimorphos e Didymos foram cuidadosamente escolhidos. Nenhum estava em rota de colisão com a Terra antes da demonstração, e uma pequena alteração em sua relação orbital não aumentaria esse risco.
“A missão impactou a lua Dimorphos, mudando sua órbita em torno de Didymos, em um primeiro teste prático de defesa planetária”, explica Rozeck.
“Essa mudança foi primariamente medida usando observações feitas a partir da Terra. Continuamos a monitorar o sistema, enquanto aguardamos a chegada da missão Hera no próximo ano para investigar as consequências da colisão.”
4. Psique
Crédito, NASA
Descrito pela Nasa como “um dos objetos mais intrigantes do cinturão principal de asteroides”, Psique foi descoberto em 1852 e recebeu o nome em homenagem à deusa grega da alma.
Psique está muito longe de nós, orbitando o sol entre Júpiter e Marte, e acredita-se que ele seja feito de metal e rocha.
Cientistas acreditam que grande parte desse metal venha do núcleo de um planetesimal, um bloco de construção dos planetas. Estudar o Psique pode ajudar a descobrir como o núcleo da Terra e de outros planetas se formou.
Em 2023, a Nasa lançou uma missão para mapear e estudar o asteroide.
Novas descobertas
Crédito, NSF-DOE Vera C. Rubin Observatory
Para efeito de comparação, quase 20 mil asteroides são descobertos anualmente por outros observatórios terrestres e espaciais juntos.
“Se você quer mapear todo o céu noturno, precisa de um campo de visão extremamente amplo. E é exatamente isso que o telescópio do Observatório Vera Rubin oferece”, explica a professora Monica Grady.
O observatório estima que descobrirá milhões de novos asteroides nos primeiros anos do projeto, dando aos cientistas ainda mais asteroides para monitorar e pistas sobre o nosso sistema solar.