Cardeal condenado desiste do conclave, segundo imprensa italiana

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Um cardeal italiano condenado por peculato e destituído de seus privilégios pelo papa Francisco decidiu não participar do conclave que elegerá o novo pontífice. As informações foram divulgadas pela imprensa italiana, nesta segunda-feira (28). Angelo Becciu causou polêmica na semana passada após fazer pressão para ser admitido.
Becciu renunciou aos direitos ligados ao cardinalato em 2020, após ser alvo de uma investigação que apurou irregularidades na compra de um imóvel de luxo em Londres. Na ocasião, o Vaticano anunciou que o papa Francisco havia aceitado a renúncia.
Segundo as investigações, em 2014, o Vaticano gastou mais de US$ 200 milhões na aquisição do imóvel. De acordo com a BBC, parte do dinheiro utilizado deveria ter sido destinada a obras de caridade.
O acordo foi assinado por Becciu, que na época atuava como chefe de gabinete do papa. Além disso, o religioso também teria desviado recursos para a diocese de sua cidade natal, na Sardenha, beneficiando membros da própria família.
Em dezembro de 2023, Becciu foi condenado a cinco anos e seis meses de prisão, além da inabilitação perpétua para cargos públicos, por peculato e abuso de poder. A decisão foi proferida pelo Tribunal do Vaticano. O religioso recorreu da decisão e continua em liberdade.
Um dia após a morte do papa, Becciu anunciou que tinha viajado para Roma para participar do conclave. Ele alegou que o papa havia garantido que os direitos dele como cardeal eram vitalícios.
O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado de Francisco durante anos, entregou a Becciu dois documentos assinados pelo pontífice argentino confirmando que ele não poderia participar do conclave. A primeira carta é de 2023, e a outra, do mês passado, de acordo com o jornal Domani.
Parolin também teria apresentado os documentos aos cardeais que estão reunidos para preparar o terreno para o conclave.
Becciu já foi considerado uma figura influente no Vaticano. Como conselheiro de Francisco, chegou a ser apontado como um possível sucessor. Em 2018, foi nomeado cardeal pelo próprio papa, mas perdeu espaço na Igreja após o escândalo vir à tona.
O religioso sempre negou as acusações e chegou a afirmar que Francisco havia perdido a fé nele.

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