Brasileiro é condenado por matar adolescente com espada em Londres
Crédito, Polícia de Londres
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- Author, Bethan Bell e Lucy Manning
- Role, BBC News
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Monzo, de 37 anos, também foi considerado culpado das acusações de tentativa de homicídio, ferimento intencional e posse de arma ofensiva.
Ele não demonstrou emoção quando recebeu seu veredito no tribunal londrino de Old Bailey, por um júri de oito mulheres e quatro homens.
A pena de Monzo será anunciada na sexta-feira (27/6).
Os ataques ocorreram em apenas 20 minutos, e Monzo teve como alvo pessoas na rua e policiais.
Segundo o tribunal, Monzo havia entrado em um estado de psicose induzida por maconha antes do ataque em 30 de abril de 2024.
Testemunhas descreveram que o ex-motorista de entregas da Amazon gritou “de alegria” e sorriu após ferir fatalmente Daniel Anjorin, que estava indo para a escola.
O ataque
Em 30 de abril de 2024, a polícia londrina foi chamada após relatos de um carro ter batido em uma casa e pessoas terem sido atacadas com uma espada por volta das 7h (3h no horário de Brasília).
Um menino — Daniel Anjorin, de 14 anos — morreu devido ao ataque com espada.
Outras quatro pessoas, incluindo dois policiais, ficaram feridas.
Na ocasião, a polícia de Londres disse que um homem de 33 anos ficou ferido quando uma van bateu em uma propriedade na rua Laing Close. Ele foi então atacado e sofreu um ferimento no pescoço.
Outro homem, de 35 anos, foi cortado no braço dentro de uma casa próxima.
Em seguida, Daniel foi atacado. Ele morreu mais tarde no hospital.
Em fala à Press Association, Aiste Dabasinskaite, vizinha de Daniel, disse na ocasião: “Estávamos gritando e acenando para Daniel quando ele saiu. Ele estava com os fones de ouvido, então não conseguiu nos ouvir. Aconteceu bem diante dos nossos olhos, foi horrível.”
Dois policiais ficaram gravemente feridos enquanto compareciam à cena do crime.
Uma policial sofreu ferimentos “terrivelmente graves” no braço e precisou passar por uma cirurgia. Um policial sofreu um ferimento na mão.
O caso ocorreu em Hainault, uma área suburbana de Ilford, que faz parte do bairro londrino de Redbridge.
Hainault faz parte da Grande Londres, mas fica a cerca de 22 quilômetros do centro da capital. A estação local fica na linha vermelha (“Central”) do metrô, na zona quatro.
A escola do menino em Woodford Green emitiu um comunicado em que diz que Daniel era “muito estudioso” e que tinha uma “natureza positiva e caráter gentil”.
Segundo a escola, Daniel era “integrante fundamental” da comunidade,
“Perder um aluno tão jovem é algo que sempre teremos dificuldade em aceitar.”
A promotora-chefe do caso, Jaswant Narwal, disse: “Nossos pensamentos estão fortemente com a família de Daniel e todos aqueles que foram afetados por este terrível incidente”.
O então primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, elogiou a bravura dos serviços de emergência. Em comunicado, Sunak enviou suas “sinceras condolências à família” do menino de 14 anos morto.
‘Quieto e discreto’
A polícia divulgou, na ocasião, que Monzo morava em Newham, no leste de Londres.
A BBC News Brasil conversou, na época, com um vizinho brasileira de Monzo.
O mineiro Rafael Ericson, de 37 anos, afirmou que tinha a impressão de que Monzo era uma pessoa “quieta, discreta, sempre educada”. Disse, ainda, que a vizinhança ficou em choque com o ocorrido.
“[Monzo era] simplesmente um vizinho normal. Muito discreto, muito na dele, nada que fugia da normalidade”, afirmou à BBC News Brasil.
Ele afirma que não tinha proximidade com Monzo. A relação, segundo ele, era “de ‘oi, boa noite, tchau'”.
Monzo parecia viver sozinho e “não parecia ter muito contato com outras pessoas”, diz Ericson.
“Uma pessoa muito discreta e um pouco isolada, talvez, porque você não via movimento de gente (na casa dele)”, disse, na ocasião.
Ericson alerta que um caso como esse pode gerar “muita especulação sobre motivação e preconceito” e diz que “isso afeta a comunidade brasileira”.