Alvo dos EUA, Pix é motor da economia dos pequenos negócios no Brasil
O Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil, tornou-se peça-chave da economia nacional e da inclusão financeira. Desde seu lançamento em 2020, a ferramenta não apenas superou TED, DOC e cartões bancários em número de transações, como também se consolidou como principal canal de recebimento para milhões de microempreendedores individuais (MEI). Agora, no entanto, o modelo brasileiro está no centro de uma controvérsia internacional, com os Estados Unidos questionando sua adoção em massa e alegando práticas desleais de comércio.
De acordo com levantamento do Sebrae, 97% dos MEI já utilizam o Pix como meio de pagamento. O dado mais expressivo, no entanto, é que para 48% desses empreendedores, o Pix responde por mais da metade de todo o faturamento mensal. “De todo o recurso movimentado na venda de produtos, esse modelo já responde por 51% ou mais do faturamento das empresas”, afirma o presidente do Sebrae, Décio Lima. Ele ressalta ainda que “o Pix é a modalidade preferida por quase a metade dos microempreendedores individuais do país (48%)”.
A pesquisa mostra o quanto o sistema revolucionou a relação dos pequenos negócios com o dinheiro. “É um meio que já se consolidou. A tecnologia é um conceito que não tem mais volta e os pequenos negócios utilizam para pulverizar oportunidades e aumentar a geração de empregos”, afirma Lima. Para ele, o uso do Pix também aproxima o microempreendedor do sistema bancário e permite maior acesso a crédito. Isso porque as transações digitais permitem um retrato mais preciso da movimentação financeira, rompendo uma das maiores barreiras enfrentadas pelo setor: a ausência de informações para análise de risco.
Além da popularidade crescente, o Pix ganhou novas funcionalidades que ampliam ainda mais seu alcance, como o Pix por aproximação e o Pix automático, já disponíveis em 2024. O Banco Central também planeja lançar a cobrança híbrida, que permitirá pagamentos via QR Code de boletos, além de estudar o uso do fluxo de recebíveis do Pix como garantia para empréstimos a micro e pequenas empresas — medida que pode fortalecer ainda mais o setor.
Segundo Décio Lima, qualquer tentativa de limitar, restringir ou onerar o uso do Pix representaria um golpe direto contra milhões de pequenos negócios. “A gratuidade e a instantaneidade do Pix são pilares que sustentam a inclusão financeira e a competitividade desses pequenos negócios”, reforça o presidente do Sebrae.
Dados do Banco Central mostram que o sistema já movimenta mais de R$ 2,8 trilhões por mês, com mais de 6 bilhões de transações mensais — um volume que evidencia o grau de universalização do Pix em menos de quatro anos. Para milhões de brasileiros, especialmente os microempreendedores, trata-se não apenas de uma inovação tecnológica, mas de um mecanismo fundamental de sobrevivência, renda e crescimento econômico.