Air India: a conversa entre pilotos do avião pouco antes de acidente que matou 260 pessoas
Crédito, EPA
-
- Author, Redação
- Role, BBC News Mundo
O relatório preliminar do Departamento de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia sobre a queda do voo 171 da Air India, que matou 260 pessoas em 12 de junho, foi divulgado nesta sexta-feira (11/07, no Brasil).
Ele não traz conclusões, mas o foco do documento está, pelo menos por enquanto, na ação dos pilotos.
Gravações feitas durante o voo indicam que dois interruptores de controle de combustível, normalmente usados para ligar ou desligar os motores em solo, foram alternados da posição “run” (ligar) para a posição “cutoff” (desligar) logo após a decolagem.
Isso causou a perda de potência em ambos os motores.
Segundo o relatório, a gravação de voz da cabine do Boeing 787-8 mostra um dos pilotos perguntando ao outro por que havia desligado o fornecimento de combustível.
O outro piloto respondeu que não havia feito isso.
A identificação das vozes de cada piloto não foi especificada.
Na decolagem, o copiloto pilotava o avião, enquanto o comandante supervisionava.
Os interruptores foram então colocados de volta à sua posição normal, o que levaria automaticamente ao processo de reinicialização do motor.
De fato, um dos motores havia começado a recuperar a propulsão no momento da queda da aeronave. O outro foi reativado, mas ainda não havia recuperado a propulsão.
Esta mudança da posição do interruptor desliga quase imediatamente os motores, cortando o fornecimento de combustível.
Isso normalmente é feito quando a aeronave chega ao seu destino e os motores são desligados.
Também é algo usado em algumas situações de emergência — mas o relatório não menciona que algum cenário assim tenha ocorrido com o avião da Air India.
O documento sugere que nenhuma falha significativa foi encontrada na aeronave ou em seus motores. Por isso, o relatório não faz recomendações específicas para operadores e fabricantes do B787-8 ou do motor GE GEnx-1B.
Crédito, Getty Images
O voo 171 da Air India caiu em 12 de junho após decolar da cidade indiana de Ahmedabad com destino a Londres.
Dos 242 passageiros, 241 morreram e apenas um sobreviveu.
O avião caiu em um bairro densamente povoado, matando outras 19 pessoas que não estavam a bordo.
Estavam a bordo 169 indianos, 53 britânicos, sete portugueses, um canadense e os 12 tripulantes.
“Ainda não consigo acreditar que estou vivo”, disse ele.
Pilotos aptos
O relatório do Departamento de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia afirma que, antes do embarque, a tripulação e os pilotos foram submetidos a testes para garantir que estavam aptos a desempenhar suas funções.
Os dois pilotos, residentes da cidade indiana de Mumbai, haviam chegado a Ahmedabad no dia anterior e passado por um “período de descanso adequado”.
Os pilotos e outros tripulantes também fizeram o teste do bafômetro, após o qual foram considerados “aptos a operar o voo”.
Problema técnico ou erro humano?
Archana Shukla, repórter de negócios da BBC Índia
Um dos pontos que se destacam no relatório sobre o acidente da Air India é que, atualmente, não há recomendações a serem feitas em relação ao modelo da aeronave, o Boeing 787 Dreamliner, ou ao seu motor, o GE GEnx-1B.
Por enquanto, a hipótese de falha mecânica está descartada, mas devemos aguardar por mais informações, pois este é apenas um relatório preliminar.
De qualquer forma, seu conteúdo é chocante, especialmente o fato de que ambos os interruptores de combustível estavam na posição que corta o fornecimento.
Muitas perguntas permanecem sem resposta.
Trata-se de uma falha técnica? Foi um problema de software? Erro humano?
Os resultados deste relatório serão analisados detalhadamente pelas famílias das vítimas desta terrível tragédia aérea em busca de respostas e de uma forma de começar a olhar para o futuro.