2ª Guerra Mundial: qual foi o papel da URSS, que Putin hoje usa politicamente?
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- Author, Vinícius Mendes
- Role, De São Paulo para a BBC News Brasil
Ivanov, Pyotr, Victor. Ou nomes de lugares, como Bashkiria ou Chechênia. E ainda provocações de guerra, como “os russos estiveram aqui e sempre venceram os alemães”.
Essas foram coisas que a equipe do arquiteto britânico Norman Foster encontrou pichadas em algumas paredes internas do Reichstag — a icônica sede do Parlamento alemão, em Berlim — em 1995, poucos anos após a reunificação do país.
Haviam sido escritas por soldados soviéticos quando da chegada do Exército Vermelho à capital alemã, em um dos últimos episódios da 2ª Guerra Mundial.
Foster, que projetava a famosa cúpula de vidro do prédio, hoje visitada por cerca de 3 milhões de pessoas todos os anos, logo manifestou o desejo de manter os escritos ali, do mesmo jeito, reforçando a postura de autoconfissão adotada pela Alemanha depois do conflito.
Começou então um debate. De um lado, grupos políticos representados no Parlamento pediam que os textos fossem apagados por serem, ainda mais fora do contexto da guerra, puros ataques de ódio. Algumas pichações diziam coisas como “morte aos alemães”.
De outro lado, havia um desejo coletivo em mantê-las como “cicatrizes” da guerra, e, como Foster fazia questão de enfatizar, ele havia vencido a competição internacional lançada pela execução do projeto muito por seu plano de manter evidentes alguns símbolos do período que permaneciam no Parlamento alemão.
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Hoje, é possível ver as pichações no saguão do Reichstag, embora a tensão sobre elas nunca tenha desaparecido de fato.
“Tudo permanece ainda no ar de alguma forma”, observa Mark Kramer, um dos principais pesquisadores do tema e que, hoje, dirige um projeto de pesquisa sobre a Guerra Fria no Davis Center, na Universidade Harvard, nos Estados Unidos.
Para além da Alemanha, mas também da Itália fascista, do Japão, ou mesmo dos Estados Unidos, ele considera que é preciso discutir com mais profundidade o papel da União Soviética (URSS) no maior conflito da história.
“Teria sido melhor não só para a história da Rússia, mas para o futuro do país, se os líderes russos tivessem permitido — e encorajado — uma discussão mais profunda sobre isso”.
Do pacto de não agressão à invasão nazista
Estudos no Ocidente destacam que o conflito iniciou-se em setembro de 1939, quando a Alemanha nazista invadiu a Polônia, forçando o então primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, a declarar guerra ao país em um discurso transmitido pelo rádio, estimulando a França a fazer o mesmo.
Mas alguns pesquisadores — como Kramer — apontam o mês de agosto, na verdade, como definitivo para o rumo que tudo iria tomar.
Na Rússia, por sua vez, essa história é contada com outro nome: Grande Guerra Patriótica. E em outra temporalidade, com a participação soviética começando somente em junho de 1941, quando o Exército alemão (Wehrmacht, como era chamado na sua fase nazista) invadiu a URSS, e terminando com a “vitória soviética”. A data é um dos feriados nacionais mais relevantes na Rússia.
Não é trivial que, em 2025, em que se lembra os 80 anos da guerra, o Kremlin, sede do governo russo, tenha anunciado voluntariamente um cessar-fogo na Ucrânia.
Se há um consenso historiográfico hoje, é de que a invasão soviética da Alemanha e a tomada de Berlim determinaram o fim da guerra tal como ele se deu: com a capitulação nazista e a vitória das forças aliadas, lideradas por Reino Unido, Estados Unidos e a URSS. Esses dois últimos depois polarizariam o mundo na Guerra Fria e dividiriam a Alemanha.
Vladimir Putin, atual presidente russo, se envolveu desde sempre nesse processo de interpretação da presença soviética no conflito. Se às vezes esse esforço mirou os públicos internos, não raro ele o fez para fora da Rússia — delimitando que, se não fosse pela URSS, Adolf Hitler não teria sido derrotado, por exemplo.
“Mas isso também é uma estratégia para as pretensões dele na Ucrânia”, aponta Oleksa Drachewych, professor de história da Western University, no Canadá.
Em 2020, recorda Drachewych, Putin escreveu um artigo dizendo, entre outras coisas, que foi a Polônia quem começou a guerra quando se aliou aos nazistas, e que países como França e Inglaterra abandonaram seus aliados na Europa Oriental “à sua própria sorte”.
Putin também disse que foi a URSS que assumiu a tarefa de criar a “coalizão anti-Hitler” que se sairia vitoriosa em 1945.
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“Mas ele ignorou a colaboração soviética com os nazistas na invasão de ambos à Polônia e o simples fato de que o Exército Vermelho raramente é visto como ‘libertador’ nesses países”, prossegue Drachewych, antes de concluir: “Quando Putin usa a palavra ‘desnazificação’ para justificar a invasão da Ucrânia, agora, ele só atualiza o mesmo argumento sobre a 2ª Guerra. É uma estratégia”.
O fato é: no dia 23 de agosto de 1939, os nazistas assinaram um acordo de não agressão com a URSS, então liderada por Josef Stalin havia já há quase duas décadas.
Foi o chamado Pacto Molotov-Ribbentrop, usando os sobrenomes de ministros dos países à época, com faces distintas. Uma delas, que logo se tornou pública, dizia basicamente que um país não poderia atacar o outro.
A outra, secreta, “dividia esferas de influência de cada um: enquanto Letônia e Estônia, entre outros países, ficariam sob guarida soviética, houve uma divisão específica da Polônia – que, no final, daria início formal à guerra”, diz Kramer.
Por Polônia entendia-se, na época, além do atual território polonês, também as atuais Ucrânia e Bielorrússia. É por isso que muitas leituras contemporâneas da invasão russa ao território ucraniano, iniciada em 2022, se ligam diretamente à narrativa de Putin sobre a Grande Guerra Patriótica.
“Foi uma jogada geopolítica de curto prazo”, diz Marco Lemonte, pesquisador da Università degli Studi di Macerata, na Itália, e que estudou o “problema da nacionalidade soviética” durante seu mestrado em história pela Universidade de São Paulo (USP).
“Havia insegurança estratégica e isolamento diplomático da URSS, além da teimosia de Stalin em desconsiderar o potencial de agressividade da Alemanha nazista, apesar da retórica sobre a necessidade buscar um ‘espaço-vital’ para a Alemanha nos territórios soviéticos.”
Dias após o tratado, a Alemanha invadiu, de fato, a Polônia “alemã”, que não era assim reconhecida pelo resto da Europa. Então, pouquíssimo tempo depois da declaração britânica de guerra, a França fez o mesmo, seguindo um acordo de defesa que mantinha com o país.
“Mas nenhum deles se colocou na ofensiva em relação à URSS. Na Inglaterra, não à toa, isso foi bastante controverso, porque parecia uma carta branca aos soviéticos”, prossegue Kramer.
Enquanto isso, o Exército Vermelho fazia valer sua parte do acordo, avançando por áreas da “Polônia soviética” sem encontrar resistência armada, ao contrário dos alemães.
Para a URSS, aquela era uma conquista vital, porque recolocava sob sua égide um território que ela almejava desde que tinha se tornado uma federação. Internamente, a ação militar foi chamada de “reunificação dos povos fraternos da Ucrânia e da Bielorrúsia”.
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É assim até hoje: há alguns anos, o governo russo chamou a invasão à Polônia, em 1939, de “campanha de libertação” e disse que os povos da Bielorrússia e da Ucrânia receberam os soldados do Exército Vermelho “com júbilo” na ocasião.
Para Mark Kramer, na mesma linha de Drachewych, o papel da União Soviética na 2ª Guerra Mundial é tão marcado por mitos que eles foram se tornando ferramentas políticas para os líderes russos.
Um dos mais “bizarros”, aponta ele, é a afirmação de Putin hoje de que a culpa pelo início da guerra foi da Polônia. “Eles [poloneses] conspiraram com Hitler. Isso é claro. Está documentado”, disse Putin, por exemplo, em 2019.
No dia 22 de setembro de 1939 — quase três semanas após o início formal da guerra, com a entrada alemã na Polônia —, os militares da Alemanha e da URSS se encontraram em Brest (que hoje faz parte da Bielorrússia), onde ficava o limite geográfico do Pacto Molotov-Ribbentrop.
Não foi um encontro amigável em um primeiro momento, porque, pelo acordo, a cidade estava na esfera soviética de influência, embora tivesse sido tomada pelos alemães. Os dois Exércitos negociaram por dois dias até uma transferência ser ratificada em uma grande parada militar pelas ruas de Brest. A cidade vive dessa memória desde então.
Foi a partir dali que a URSS passou a se impor sobre outras áreas do acordo e se consolidar como potência no seu hemisfério de influência. Primeiro, foram países bálticos: Estônia, Letônia e Lituânia. Depois, passou para a futura “Cortina de Ferro”, como Romênia e Tchecoslováquia (que unia as atuais República Tcheca e a Eslováquia).
À medida que ia ganhando territórios, a URSS avançava nos limites do pacto — mas não sem encontrar obstáculos. Um deles, pouco lembrado, foi na Finlândia, que os soviéticos tentaram anexar entre 1939 e 1940.
Foram três meses de guerra e um total de 126 mil soldados do Exército Vermelho mortos até Stalin aceitar um acordo de paz com o país em troca de um pedaço de terra. “Mas é fato que, em dois anos de colaboração com os nazistas, a URSS cresceu muito, em tamanho e em poder”, concorda Drachewych.
Nesse ínterim, a Alemanha avançava sobre a Europa. Já tinha conquistado parte da França e dominava países como Bélgica, Luxemburgo e os Países Baixos quando decidiu avançar, enfim, em direção à URSS.
Segundo historiadores, a decisão foi tomada por Hitler em julho de 1940, pressionado por antigos nazistas, ainda da época de Munique, de onde ele tinha ascendido, e que viam no imenso regime comunista vizinho à Europa um risco iminente ao projeto de domínio alemão sobre o continente.
Meses depois, sorrateiramente, começava o que Kramer chama de a “maior invasão militar da história”, conhecida sob a alcunha de “Operação Barbarossa”.
Tal como Napoleão
O ataque da Wehrmacht começou no dia 22 de junho de 1941, e planejava ser o mais rápido possível. “Os nazistas queriam aniquilar logo o que eles chamavam de ‘governo judeu-comunista'”, explica Lemonte.
Kramer concorda: “E queriam que fosse incursão rápida, de um jeito que não tivessem que recuar”.
Segundo dados oficiais, cerca de 3 milhões de soldados alemães cruzaram a fronteira da URSS, apoiados por outros 650 mil oficiais de exércitos de vários países, como Finlândia, Romênia, Itália e Croácia.
Lemonte ressalta que os alemães tiveram sucesso no início, “na medida em que conseguiram cortar o acesso a comida e água e não foram deixando outra opção aos soviéticos que não a rendição”.
O próprio Putin, no artigo escrito em 2020, revirou lembranças dolorosas daquele episódio. Ele contou ter perdido um irmão, Vitya, no Cerco a Leningrado (hoje São Petersburgo), quando forças alemãs e finlandesas impediram que pessoas na cidade acessassem comida e água por cerca de 900 dias.
Não só: “Aquele foi o lugar em que minha mãe milagrosamente lutou para sobreviver, e que meu pai, apesar de não estar listado [no Exército], lutou voluntariamente para defender sua cidade”.
À medida que iam avançando sobre o território soviético, os alemães passaram a empregar métodos parecidos aos dos campos de concentração nazistas pelas comunidades judaicas do país. Chefes da Schutzstaffel (SS), a polícia nazista, foram deslocados ao front para promover fuzilamentos, e, em outubro de 1941, Hitler começou a enviar judeus de outros países para áreas ocupadas da URSS.
Um mês antes, o Exército Vermelho havia começado uma reação. “Os soldados pareciam estar vencidos, mas se recuperaram e, então, reconquistaram alguns locais estratégicos”, diz Kramer, citando cidades como Smolensk e Dnipro, hoje na Ucrânia.
Em dezembro daquele ano, o Exército alemão chegou até as portas da capital, Moscou, mas não conseguiu entrar: “Estava completamente exausto”, diz Lemonte.
Estudos mostram como que parte essencial do plano era liquidar os soviéticos o quanto antes. Mas isso não aconteceu. À medida que o Exército Vermelho se reerguia, os alemães foram ficando sem remédios, comida e, tal como havia acontecido com Napoleão Bonaparte, no século 19, sucumbiram ao frio.
Para Lemonte, é por isso que a participação soviética na guerra foi tão decisiva: “A URSS enfrentou o grosso do Exército nazista na frente oriental e foi responsável por importantes vitórias, como em Stalingrado e Kursk, que marcaram a virada da guerra”.
Além do planejamento estratégico, especialistas apontam ainda elementos como a superioridade dos tanques soviéticos e, principalmente, o espírito dos soldados do país imbuídos pela força da narrativa oficial.
“Stalin foi muito astuto ao chamá-los à defesa da ‘Mãe Rússia’, e não do seu próprio regime. Isso deu aos oficiais ordinários uma razão para lutar até a morte”, prossegue Drachewych.
A Operação Barbarossa durou até o fim da guerra. Mais do que isso, determinou o fim dela.
Uma bandeira sobre o Reichstag
Na metade de 1942, a Alemanha nazista havia conseguido dominar quase toda a Europa. Hitler ampliava sua escala e, naquele ano, invadiu a Tunísia, enquanto o regime aliado de Vichy, na França, mantinha o controle sobre o Marrocos e a Argélia, no norte da África.
Então, em novembro, os soviéticos começaram o que seria, sem dúvida, o começo da derrocada, reconquistando Stalingrado (hoje Volgogrado), “o que havia sido uma vitória psicológica de Hitler, porque era a cidade nomeada por Stalin”, diz Drachewych.
“Foi um choque para os nazistas e para o país. A vitória soviética em Stalingrado destruiu um pouco da fé de que a Alemanha podia vencer a guerra”, completa.
Para a URSS, foi um caminho sem volta — e que só acabaria três anos depois, em Berlim.
No começo de 1944, o Exército Vermelho já havia expulsado a Wehrmacht de quase todo seu território — exceto Minsk, capital da hoje Bielorrúsia —, mas Stalin não estava disposto a parar. Em junho, enquanto os Aliados entravam na Europa pela Normandia, na França, tropas soviéticas cruzavam a fronteira alemã com a Polônia em direção a Berlim. Virou uma corrida.
Historiadores discordam nesse ponto. Enquanto alguns reforçam como Stalin queria apenas chegar a Berlim antes dos Aliados e fincar a bandeira soviética no topo do Reichstag — a fotografia feita na ocasião que abre essa reportagem não foi feita por acaso —, outros citam indícios de que a URSS estava envolvida na chamada Operação Guarda-Costas, um plano das forças aliadas para enganar os nazistas sobre a data e o local do início do desembarque na Normadia, o chamado Dia D.
Há documentos que evidenciam, por exemplo, como a URSS tentou convencer os alemães de que a operação ocorreria a partir da Escandinávia e, em 1944, tentou até “alertar” os nazistas sobre um desembarque na Noruega.
Eles contam de uma reunião entre os Aliados e os soviéticos na Escócia, distante do foco da guerra, para coordenar o projeto. E é fato que, em maio daquele ano, a URSS e o Reino Unido pediram ajuda militar à Suécia para um possível desembarque de tropas em seu território.
De qualquer forma, essa relação foi tensa. “A posterior aliança com Estados Unidos e Reino Unido foi estratégica e pragmática. Havia desconfianças ideológicas, mas eles cooperaram militarmente para derrotar o inimigo comum”, diz Lemonte.
“A URSS, que se preocupava com a interferência do Ocidente contra os bolcheviques desde a Revolução Russa [em 1917], viu os atritos aumentarem ainda antes da derrota completa dos nazistas.”
Kramer acrescenta que “foi um período de confronto aberto, nas ruas das cidades”. Não foi à toa que se passaram meses até que as forças aliadas se encontrassem com parte dos soviéticos, no final de abril, em Torgau, a 136 km da capital alemã, para irem juntas até lá.
O fim da guerra
Naquele começo de maio de 1945, a revista soviética Ogonyk saiu pelas ruas de Moscou com uma foto icônica: em primeiro plano, na ponta de um adereço do Reichstag, em Berlim, um soldado segurava uma imensa bandeira soviética no topo da cidade que, ao fundo, esfumeava destruída.
Outros dois oficiais surgem na cena: um ajudando o rapaz que segura a bandeira e outro só observando tudo. A manchete era inequívoca: a guerra acabou.
A fotografia, feita pelo fotógrafo soviético Yevgeny Khaldei, foi usada como propaganda pelo regime stalinista, em cartazes pelas ruas e em discursos políticos.
“O Exército Vermelho estava obcecado por reconquistar o Reichstag no 1º de maio, por causa do Dia do Trabalho, ainda que continuasse lutando pelas ruas de Berlim depois”, diz Kramer, e entrou no rol das imagens mais relevantes do século 20 no Ocidente.
Segundo dados oficiais, só a captura de Berlim custou a vida de 78,2 mil combatentes soviéticos, muito embora a resistência nazista fosse pequena e conformada por grupos diversos — que iam da juventude hitlerista até soldados da SS.
“O número de baixas foi alto porque o Exército Vermelho estava com pressa. Stalin tinha um certo medo de que, se não conseguisse vencer a resistência rapidamente, podia perder a chance de tomar Berlim antes dos Aliados”.
Para Kramer, era essa uma obsessão dos soviéticos: “Houve até uma competição entre comandantes do Exército Vermelho, estimulada pelo próprio Stalin, por quem chegaria primeiro a Berlim. Quem conseguisse dominar a cidade primeiro e hastear a bandeira da vitória sobre o Reichstag, seria logo nomeado ‘herói da União Soviética'”.
Nem todas as coisas que foram pichadas no Reichstag podem ser publicadas hoje. Há algumas que, por acordos das embaixadas de Rússia e Alemanha, só podem ser vistas indo até o prédio.
Mas, se são documento inequívoco do que aconteceu naqueles seis anos de conflito, também contam do que a URSS e a futura Rússia se tornariam depois: “Ela saiu da guerra devastada, com enormes perdas humanas e materiais, mas também fortalecida politicamente. Não à toa se tornou uma potência, estendendo influência sobre o Leste Europeu e consolidando o bloco socialista na incipiente Guerra Fria”, diz Lemonte.
“Não só: o que está acontecendo na Ucrânia só existe por causa dessa história”, finaliza Drachewych.