PCC: quem é Tuta, considerado sucessor de Marcola e preso pela PF na Bolívia
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A Polícia Federal, em colaboração com agentes da Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen (FELCC), da Bolívia, prendeu na sexta-feira (16/5) um brasileiro conhecido como o membro mais importante em liberdade do PCC (Primeiro Comando da Capital) e possível sucessor de Marcola na liderança da facção.
Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, estava na Lista de Difusão Vermelha da Interpol, “o que motivou a intensificação dos esforços para sua localização e captura”, informou a PF, em nota.
Ele foi preso após apresentar um documento falso na cidade de Santa Cruz de la Sierra.
“A prisão do Tuta é extremamente importante para o Brasil porque ele é um dos criminosos mais perigosos e procurados do país. É um golpe importante no PCC devido à posição de liderança que ele ocupa. Resta saber se vão conseguir trazê-lo para o Brasil porque há interesse de resgatá-lo”, diz Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo.
“Outro ponto é, se uma vez no Brasil, ele vai falar tudo o que ele sabe. Porque ele sabe muito. Sobre envolvimento de policiais e autoridades com o crime. Isso seria muito importante para desarticular os tentáculos da facção.”
Para Alcadipani, a prisão de Tuta não deve ter grande influência sobre a operação do PCC já que a estrutura da facção é formada de várias camadas para impedir um impacto no dia a dia das ações criminosas.
A PF afirma que Tuta “foi identificado como um dos principais articuladores de um esquema internacional de lavagem de dinheiro.”
A polícia diz que ele foi recentemente condenado por associação criminosa e lavagem de capitais, com pena superior a 12 anos de reclusão.
“O indivíduo permanece sob custódia das autoridades bolivianas, aguardando os procedimentos legais que poderão resultar em sua expulsão ou extradição ao Brasil.”
Crédito, Polícia Federal
O promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Publico do Estado de São Paulo, disse em 2023 que o grupo chegou a enviar ao exterior cerca de R$ 1,2 bilhão.
A organização do PCC produz até uma espécie de censo para quantificar não apenas os membros de suas fileiras, mas também de siglas rivais e se esforça para repeti-lo a cada 15 dias.
“Se você tem alguém que vai para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD ou castigo), ele é transferido de prisão e fica em isolamento. Isso vai impactar nas atividades da facção naquela unidade durante algum tempo até repor essa pessoa. O que consegui identificar é que há pelo menos a intencionalidade de uma periodicidade quinzenal”, diz a pesquisadora Camila Nunes Dias.
Uma pesquisa DataFolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2024, mostrou que 14% dos brasileiros dizem sofrer com a presença de facções criminosas ou milícias em suas vizinhanças. Em capitais, esse percentual chega a 20%.